Procuro-te para exigir que exijas de ti. Que exijas uma reflexão superficial- porque pensar a fundo dói - e eu não quero que te magoes. Que exijas para ti o melhor e se o melhor, hoje e agora, for eu (caramba): então quer-me para ti. E se não o for, diz-me que não, sempre consciente nos efeitos que o modo como me dirás, podem mudar tudo.
Isto continuará a ter valor por aquilo que é. Por estes momentos que pairam isolados numa atmosfera abstracta e que, ao poisarem no chão do tempo repetido, no espaço dos dias continuados, se tornam assustadoramente concretos. Preserva-a, também, se a consideras importante.
Não te confrontes comigo nem me pressiones. Não me confundas nem me ponhas insegura. Não me digas que não queres quando sinto que queres. Foge, se quiseres, mas não me mintas nunca. E se tens medo de querer, amigo: compra um cão.
Porque isto que existe persistirá, na mesma, mesmo que só durasse há um segundo, o tempo de cair a última folha de um malmequer numa manhã fresca de início chuvoso de um Verão.Tenderá a persistir: em mim: em ti. Concretizado ou não concretizado como algo terrivelmente bom e inesquecível. Mesmo que uma noite se desliguem as luzes, quando o medo que trava e o receio que bloqueia ( finalmente) for tão intenso que ficará tudo tão sereno, tão plácido, tão silêncio e só restemos nós e o um écran apagado e escuro à frente dos nossos olhos que já foram os olhos do outro.
Eu também tenho medo. Muito. Mas não gosto de cães- sempre preferi os gatos. Eu também sou inconsciente e louca, destravada. Eu também me questiono. Eu também sinto a força gravítica a puxar-me para o centro da terra quando as minhas asas anseiam por voar. Mas eu, eu não me importo de correr os riscos; de pisá-los (não de forma leviana); não com qualquer um: contigo. Porque tu, já te disse, és especial na tua singularidade. Único (acho que é assim que se costuma dizer).