sexta-feira, 31 de outubro de 2008
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
terça-feira, 28 de outubro de 2008
Suspiros
A paixão é como os suspiros de açúcar: tem uma forma atraente, remete-nos para uma imagem de paladar apetitosa mas depois da primeira dentada tem mais ar que açúcar e começa a enjoar.
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
Pontuação (II)
Começámos pelas reticências que, depressa de mais, insisti em abolir. Introduziste-te de mansinho, a seguir a dois pontos cruciais, os suficientes para querermos escrever em texto corrido a nossa história. Vieram exclamações surpreendentes. Aconchegámo-nos entre parêntesis, como se as palavras lá fora não importassem e só o nosso discurso interior chegasse para pontuar o Mundo. Não nos chegou e quisemos saltar para fora, dar sons e ditongos às palavras sensaboronas. Desprotegemo-nos sobre o escudo de aspas. Vieram os pontos de interrogação. Eu só queria dar-te voz aqui, depois do travessão que tracei para ti. Não sabemos como, escreveu-se um ponto. Eu sei que não é final. Sinto-o. Não permitas que um corrector apague o que quer que seja. Espero-te para lá da história. No final feliz.
Parágrafo?
domingo, 26 de outubro de 2008
sábado, 25 de outubro de 2008
Costura
A paixão estava-lhe tão grande que a deixou arrastar-se pelo chão durante meses, na esperança que a calçada e as solas dos sapatos (os mesmos que a pontapeavam) a desgastassem. Até que percebeu que não lhe restava nada mais senão fazer uma bainha. E pegou em agulha e linha, enfim.
Poder
E não podes fazer, absolutamente nada, para que eu deixe de te amar: é essa a minha força sobre ti.
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
Ao H., pelo seu 30º aniversário
(O pacto manter-se-á sempre, sem ser preciso o sangue para selar. No matter what...)
(Para ti, porque ontem dei-te o livro e esqueci-me de te deixar o CD: a minha música )
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Premonição
Tu nunca mais voltarás a ser tu. Porque neste momento és tu sem mim. E, contudo, nunca mais voltarás a ser tu sem nunca me teres tido outrora. Mudei o teu ser. Para sempre.
Pregadeira (III)
E depois, importas-te tanto em ostentar a pregadeira que não reparas que tens a alma desfraldada.
terça-feira, 21 de outubro de 2008
Livro de reclamações
Temos um código publicamente privado ou intimamente público?
(Ao Francisco: com mais de quatro palavras e directamente para ti)
Na voz dos outros (III)
"E eu direi:
- Dantes, eras uma visão. Sentia uma luz acender-se na pele e eras tu. Hoje, preparo e bebo venenos para que o brilho daquilo que já não és venha ao de cima, se solte do sangue e estremeça, cintile e não se apague.
Tu:
- O medo, o grande medo que se confunde com a serenidade, devora-te. E se nos tocarmos perderemos a inocência; ou, talvez tu morras e eu ressuscite. Mas uma coisa é certa: não nos cruzaremos mais, estamos definitivamente sós. Eu, enterrado. Tu, respiras.
Eu:
- Quero morrer perto de ti, de nada me servirá morrer inocente.
Tu:
- Aqui, nesta treva, o que é que parou no tempo? As nossas vidas? A paisagem? O mar? Do qual nunca soubemos a idade...
Eu:
- Quando sentia o teu corpo contra o meu ouvia, lá fora, a fúria o mar. Era um presságio de felicidade, mesmo sabendo que só o mar de outras terras é belo.
Tu:
- Continuas a escrever demais, matas tudo com as palavras. Olha como eu te olho. Olha para mim e cala-te. Devias encher a caneta com tinta envenenada.
Eu:
- O último deserto que me resta de ti é a noite da escrita. Nela te mantenho vivo, amante morte. Já não possuo bens e não prevejo herança nenhuma. Vivo para a travessia do corpo que me sepultou na memória... o teu.
Tu:
- Aquele que se prepara para morrer tem que povoar a alma com tudo o que vai abandonar. Não chegues aqui de coração vazio. É insuportável estar morto, sem nada que nos habite. A morte não admite distracções; por isso, a maior parte das pessoas não sabe morrer, desfaz-se.
Eu:
- Não há vergonha em dizer ou escrever isto: amo-te ainda.
(...)"
(Al Berto in 'O Anjo Mudo')
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
Pregadeira (II)
Mas tu ainda não percebeste, mesmo, que o coração não se usa do lado de fora do peito?
Hair
When the routine bites hard
And ambitions are low
And the resentment rides high
But emotions wont grow
And were changing our ways,
Taking different roads
Then love, love will tear us apart again
Why is the bedroom so cold
Turned away on your side?
Is my timing that flawed,
Our respect run so dry?
Yet theres still this appeal
That weve kept through our lives
Love, love will tear us apart again
Do you cry out in your sleep
All my failings expose?
Get a taste in my mouth
As desperation takes hold
Is it something so goodJ
ust cant function no more?
When love, love will tear us apart again.
"...is beyond words..."
(À M. em sinal de agradecimento).
Cruel
Ele achava que ela lhe tinha arrancado o coração. E que o passseava ao peito, espetado num alfinete, a servir de pregadeira. Ele não sabia nada de nada.
Love
Não há amores vazios. Nem maus amores. Nem tão pouco amores mal resolvidos. Muito menos amores acabados. Há amores incompletos.
sábado, 18 de outubro de 2008
A ti.
Se soubesses toda a verdade, agarrarias em mim pela mão e conduzir-me-ias pela estrada de alcatrão embriagada.
Se soubesses toda a verdade, levar-me-ias ao "Hotel da Lapa" e partilharias o jantar-voucher que te deram e que prometeste que seria comigo.
Se soubesses toda a verdade, lerias todas as mensagens subliminares que te dedico e sentir-te-ias orgulhoso de mim.
Se soubesses toda a verdade, perceberias como me conheces melhor que ninguém e como a tua intuição relativamente a mim esteve sempre certa, mas só enquanto tinhas os bolsos vazios de pedras.
Se soubesses toda a verdade, não me atribuías atitudes malvadas.
Se soubesses toda a verdade, voltarias ao restaurante com pingas de chuva comigo, só porque combinámos que haveríamos de voltar.
Se soubesses toda a verdade, verias como te protejo mais do que tudo.
Se soubesses toda a verdade, comprarias os bilhetes para as " Obras Completas de William Shakespeare em 97 Minutos" e honrarias as tuas promessas.
Se soubesses toda a verdade, não suportarias tornar-me triste assim.
Se soubesses toda a verdade, não duvidarias um segundo sequer da verdade de todas as minhas palavras, atitudes, comportamentos.
Se soubesses toda a verdade, poderíamos pendurar o candeeiro na sala e comprar o carrinho de chá que descobri na net.
Se soubesses toda a verdade, voltarias a usar o símbolo que te ofereci.
Se soubesses toda a verdade, para o ano seria a primeira a desejar-te "Feliz Aniversário".
Se soubesses toda a verdade, estacionarias no sítio de sempre para me apanhares e fugiamos numa estrada qualquer, junto ao mar.
Se soubesses toda a verdade, pedias-me desculpa e arrependias-te pela forma cruel como me trataste.
Se soubesses toda a verdade, devolver-me-ias o Verão.
Se soubesses toda a verdade, sentir-te-ias tão aliviado.
Se soubesses toda a verdade, tinhas-me mostrado a ponte de que tanto falavas.
Se soubesses toda a verdade, não me querias provar por pirraça que consegues mergulhar na escuridão e que a alegoria da caverna é uma treta.
Se soubesses a verdade, querias deitar-me novamente no chão da sala e fazer amor comigo do jeito louco e desenfreado como só os nossos corpos testemunharam.
Se soubesses toda a verdade, perceberias que eu continuo a ser eu. E provar-me-ias que tu continuas a ser tu. E que nós, afinal, existimos mesmo.
Mas nunca saberás toda a verdade. Porque não a mereces. Porque duvidas de toda aquela que já te dei até aqui. Eu nunca te dei mais que a verdade. Não toda, mas a possível. E tu, em troca, desprezas-me. Eu fico por aqui. À espera da vida, não de ti. Que não mereces, isto, que sinto por ti.
Se não me queres, deixa-me ir. Diz-me, sem rodeios, que desapareça. Eu vou e levo comigo esta verdade. Mas não cruzes os braços se me queres longe. Manda-me desaparecer, por favor. Liberta-me.
E perdes-me. E eu perco-te. E perdemo-nos, desta feita, para sempre.
É triste. Muito triste. Deixa-me, por favor, ir embora e eu desisto.
Music Box
Ela tinha uma bailarina nos olhos. Que dançava, em movimentos sincronizados, circulares, fazendo companhia às outras meninas. As dos olhos.
Os olhos eram cor-de-mel e os movimentos da dança da bailarina eram doces. Pontas, bicos de pés, graciosos rodopios sobre o próprio corpo.
Ela precisava de movimento. Não gostava do sossego, da paz. Precisava do movimento, ainda que fosse discreto, sob a forma da dança da bailarina que morava nos seus olhos.
E a bailarina dançava e dançava sem parar. Rodopiava no ar, entre os castelos que ela construia. Ficava tonta de tanto dançar. Quase que embriagada.
Um dia, a corda da caixa de música acabou. E a bailarina parou. E os seus olhos deixaram de ser o palco da dança fugaz. Os castelos dissiparam-se. A bailarina descalçou as sapatilhas e os olhos deixaram de ser cor-de-mel e doces. Agora, são apenas os olhos dela. Vazios de ballet.
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
7ete
Aproveitando a deixa do dandy mais dandy da blogosfera:
1- Eternal Flame (aqui na versão das gatinhas atómicas)
A minha primeira canção preferida. Lembra-me Verão, colónias de férias, o primeiro sarau e a descoberta das estrelinhas do mar na praia da Vagueira.
2- Everything I do, I do it's for you
A minha música preferida de todos os tempos. A música que mais ouvi na vida. O primeiro slow dançado foi ao som desta música. Ele chamava-se João.
3- November Rain
O meu primeiro beijo a sério, de língua, foi com esta música como pano de fundo. Percebo agora que as músicas não são sons, são recordações.
Cruzeiro a Marrocos no Paquete Funchal. O glamour. O luxo. As noites de élan. Queria SER sempre.
5- Purple Rain (Prince)
Conversas ao telefone portátil nos inícios de 90 (um luxo!) a conversar acerca da teoria dos mundos paralelos com o meu primeiro grande amor. Era filósofo e seis anos mais velho. Era esta, invariavelmente, a música de fundo. Também se chamava João
6- Torn
Entrada na faculdade. Dúvidas. Agitação. Movimento. Confusão. Instabilidade (sempre). A piada farsolas: a Natalie embrulha!
A mais recente: a melodia, a recordação de karaokes improvisados no carro, a letra, o videoclip com o comboio, a distância (don't you worry), New York City. Oh, what you do to me?
Passo a todos.
(Adenda- Música nº 8:"Esta miúda"- O Jorge Palma não sabe, mas esta música foi escrita inspirada em mim. Um dia, quando ele me conhecer, vai percebê-lo imediatamente.)
terça-feira, 14 de outubro de 2008
domingo, 12 de outubro de 2008
Despojamento
Primeiro acordámos tirar todas as pedras dos bolsos. Depois, dei-te tudo o que tinha em mim. Agora que estás longe, não me resta nada. Nem tão pouco as tais pedras para te atirar de raiva. Só a fisga das palavras.
sábado, 11 de outubro de 2008
Desafio (dou-te o mote e tu dás-me a volta?)
Sentara-se no anfiteatro da universidade que não era a dela. Aliás, há uma meia dúzia de anos que deixara de estudar e a ideia de ir assistir a uma aula de Design, parecia-lhe uma lufada de ar fresco, a ela que era de uma área de estudo tão antagónica.
Assim que entrou na escola antiga e com humidade nas paredes e olhou em redor, arrependeu-se de ter acedido ao convite. Um conjunto de alunos desfraldados ainda com acne (já não existem veteranos académicos de charme?) e um bando de miúdas de jeans, ténis e fios punks, fizeram-na sentir-se absolutamente desadequada.
Esgueirou-se para o fundo da sala, perante os olhares críticos dos miúdos que comentavam o ar executivo e desfazado, quem sabe até, confundindo-a com uma professora. Apeteceu-lhe fazer um comentário mordaz em voz alta mas sucumbiu aos apelos misericordiosos da amiga que a tinha trazido.
Tirou da pasta uma "Exame" e decidiu que iria lê-la até ao fim. O professor entrou e ela nem sequer levantou os olhos para o fixar. A voz dele como pano de fundo, grave e pausada. O silêncio recalcado da boa centena de estudantes que enchiam o anfiteatro: canetas a cairem no chão, tosses ocasionais, o barulho lá ao fundo do motor do Datashow. No seu horizonte visual, apenas as páginas da "Exame" e o tempo de duas horas a passar muito rapidamente.
A aula termina sem campaínha, apenas porque alguém, talvez o professor, se tenha lembrado de olhar para o relógio ou quem sabe, talvez, tivesse em si um relógio de ponto interno. Todos se levantaram em desordem e ela deixa todos saírem sem levantar os olhos da última página.
Quando o silêncio se instala, fecha as páginas da revista, enrola-a e arruma-a, novamente na pasta de couro preto.
Levanta os olhos, ainda a tempo de fitar o professor a sair da sala, a esgueirar-se pela porta, pasta de computador na mão.
Dele lembra-se apenas da figura robusta e da nuca cheia de cabelos mesclados. Aposta, internamente, como de certeza que tem cãs brancas. Voltará, mais tarde, para se certificar.
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Oração (II)
"Avé cu(s)pido, sem nenhuma graça, deixai-nos em paz, pecadores. E não nos deixeis cair em tentação e livrai-nos do mal. Por favor."
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
terça-feira, 7 de outubro de 2008
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
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