quarta-feira, 26 de novembro de 2008
terça-feira, 25 de novembro de 2008
Na voz dos outros (VI)
"Não só os sentimentos criam as palavras, também as palavras criam sentimentos. As palavras formam uma arquitectura de ferro. São a vida e quase toda a nossa vida- a razão e a essência desta barafunda. É com palavras que construímos o mundo. É com palavras que os mortos se nos impõem. É com palavras, que são apenas sons, que tudo edificamos na vida. Mas agora que os valores mudaram, de que nos servem estas palavras? É preciso criar outras, empregar outras, obscuras, terríveis, em carne viva, que traduzem a cólera, o instinto e o espanto. E estou só e é noite. Por trás daquela parede fica o céu infinito. Para não morrer de espanto, para poder com isto, para não ficar só e doido, é que inventei a insignificância, as palavras, a honra e o dever, a consciência e o inferno."
Húmus
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
domingo, 23 de novembro de 2008
Direito do consumidor de amor/paixão
Artigo 1º
Direito à reparação de danos
1- O amante a quem seja fornecido amor/paixão com defeito, salvo se dele tivesse sido previamente informado e esclarecido antes da celebração do sentimento surgir, pode exigir, independentemente de culpa do fornecedor do bem, a reparação da coisa, ou a sua substituição, a redução do preço ou a resolução do sentimento.
2- O amante deve denunciar o defeito no prazo de meia-vida, caso se trate de paixão, ou de uma vida, se se tratar de amor, após o seu conhecimento e dentro dos prazos de garantia previstos.
(…)
sábado, 22 de novembro de 2008
Quite normal
"Estás a voltar a ficar nor(mal)"- dizem-me. " Enganas-te, estou a ficar nor(bem). Nor(melhor), de dia para dia". E sorrio.
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
A vida (2º acto)
(Re)abram as cortinas. Liguem as luzes. Direccionem o foco. The show must go on. :)
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
terça-feira, 18 de novembro de 2008
Escalada
Desafiar a força, a resistência, o frio, a força da gravidade, as intempéries só para chegar ao cume e sentir que sou capaz. Mesmo que no caminho outra avalanche me faça recuar. Mesmo que lá em cima me falte o ar. Tenho que trepar, sem cordas nem cabos. Com a força com que te amei e que me sobra agora.
segunda-feira, 17 de novembro de 2008
Desassoprar
Aos poucos, lentamente, começo a esvaziar-me de ti. Vais-me despreenchendo. Desenchendo. E percebo, finalmente, o tudo que posso fazer com esta divisão ampla e espaçosa que vai ficando.
domingo, 16 de novembro de 2008
Na voz dos outros (V)
"A infelicidade enquanto cão
Passear a infelicidade como se fosse um cão. Fazer-lhe festas no lombo, acariciar-lhe o focinho. Meter a infelicidade na cama e sentir o calor antigo. Oh, o conforto da infelicidade a abanar o rabo, fidelíssima; a lamber as pernas, matreira; a ganir, apalermada; a ladrar, quando cheira alguém estranho. Leva-se à rua a infelicidade e há sempre quem meta conversa:- Essa infelicidade é sua? Coitadinho, que ternura, coitadinho.E então alimenta-se a infelicidade com bocados de carne (própria) e goza-se a bestial pacificação do estar na merda."
sábado, 15 de novembro de 2008
What if...
... depois de sararem as aftas do teu céu, descobrisses que as nuvens podem ser mesmo azuis e não mero reflexo dos mares?
quinta-feira, 13 de novembro de 2008
quarta-feira, 12 de novembro de 2008
terça-feira, 11 de novembro de 2008
Wishlist
Que a razão que me levou a partir fosse exactamente a mesma que me pudesse levar a regressar.
segunda-feira, 10 de novembro de 2008
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
Closet
No tempo em que me lias, as palavras eram escolhidas com bom gosto, retiradas de cabides acolchoados a cetim, com cheiro a naftalina. Hoje, são as palavras meio despidas (deslidas?), quase vagabundas, desnudadas de ti.
quarta-feira, 5 de novembro de 2008
More than words
Quando, finalmente, se abre o coração e se diz tudo, não fica nada mais por dizer. That's it.
segunda-feira, 3 de novembro de 2008
sábado, 1 de novembro de 2008
Raio X
A senhora do raio x mandou-me entrar na cabine e despir o soutien. Podia conservar a camisa vestida, mas tinha que despir o soutien. Como se ao libertar o peito, um movimento sufragista me libertasse o coração que nele habita.
- Encoste-se à estrutura bem direita e inspire fundo. Não respire.
Por uns momentos pensei que se seguiria o raio y à alma. E aí ouvi-la-ia dizer:
- Desencoste-se da estrutura e expire finalmente. Respire fundo, com alívio.
Alma solta como o raio que a partiu. Radiografia da alma na mão, pronta a ser observada por um qualquer profissional de saúde. Cardilogista procura-se.
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