domingo, 20 de abril de 2008

Um primeiro poema

Uma estrada sem alcatrão
Um GPS sem sentido de orientação
Uma rede a baloiçar
Uma serra quase à beira mar
Uma cancela que se tem que abrir
Gargalhadas sempre a explodir
Um chá que se partilha
Um mapa que se palmilha
Um canção que se adultera
Um relógio sem tempo de espera
Um carrocel no lençol
Chuva picada em vez de sol
Demonstrações públicas de carinho
O doce sabor de se fazer caminho
O chão de pedra molhado
Mais que um cigarro fumado
Um espelho a reflectir sedução
Mil orgasmos numa só expressão
O crime num bago de uva
A redenção desta chuva
Um cheiro que se torna familiar
Uma sede infinita de se provar
Passados absolutamente escancarados
Futuros possivelmente projectados
Dar vida a uma cama de dossel
O sabor de um sol de mel
O reconhecimento de um beijo
A redenção do desejo
Cabeças tapadas por mantas
Estas recordações: tantas.
Já não se estar tão sozinho
Partilhar um copo de vinho
Uma casa, uma serra e uma mó
E não deixar um instante de estar
só.

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